terça-feira, 24 de setembro de 2013

Desabafo - O primeiro de todos os restantes.

Acordei e estava tudo bem,
Poucos pendentes de ontem, um bom dia a começar.
A meio da manhã já antevia o resto do dia. Politica, merda, trabalho autómato.
Burocracias e fragmentação 
Ingredientes para tudo correr mal.

A vida é feita de prazos e contra-relógios.
Falta de tempo. Tempo para respirar, tempo para observar.
Tempo em demasia para odiar e alimentar o aperto no tórax.
A catadupa de acontecimentos ruins.
O relógio sempre a debitar segundos, a pele a amolecer.

Estagnação da vida.
O pico e o inicio da descida.
As coisas a passarem por nós sem lhes podermos tocar.
Inacessíveis.
Mais um dia, mais uma merda de dia.

Adivinhar o que aí vem.
Ausência de desconhecido, de surpresa.
O ciclo, rotina, espasmo.
Saudade do cheiro a terra molhada,
Cabelo molhado pela rebeldia.

O estalar de um pedalo atrofiado pela terra batida,
O cheiro a pó seco e o ardor da erva a bater na cara rosada pelo êxtase do cansaço bom.
A batida do coração no pescoço.
O silencio do som da corrente por entre as pedras.
Saudades da infância que não voltará nunca.

Uma (nova) etapa na vida.

Hoje foi mais um daqueles dias em que tudo incomoda,
Casado, pai de dois filhos e só apetece fugir sem olhar a consequências,
Memórias de infância que nunca se repetirá.
O que foi feito, o que ficou por fazer, sei lá.
A esperança de casar um dia e agora a saudade dessa infância.

Amigos são vagos como as palavras que os caracterizam.
Nomes, números e matriculas que ficam esquecidos, lavados pelo tempo.
Saudades do antigamente, da descoberta de coisas novas.
Da novidade que surgia a cada dia que passava.
Hoje nada importa, qual máquinas a debitar informação fútil.

O mundo é uma merda.
É tudo tão sombrio e não há cor do antigamente.
Cinzento é o meu dia.
A chuva trará cor, ainda que momentânea.
Nada tem valor.

Necessidade de uma vida solitária ainda que rodeada de gente.
Gente desconhecida, vozes sempre presentes ainda que sem dizer nada.
O cheiro da colónia antiga,
O papel de parede e o soalho torto.
O mundo que já o foi.